A cidade mobilizada durante a 2ª guerra em 1942

Mesmo longe dos acontecimentos aconteceram mobilizações defensivas, imagine posteriormente como a chegada do CTA como teria sido…

Prefeitura Sanitária de São José dos Campos

JOSEENSES!

Os serviços auxiliares de guerra, vitais para defesa e segurança da Pátria, exigem esforço, disciplina e colaboração integral da população civil aos poderes governamentais.

A retaguarda deverá ser uma máquina perfeita, de funcionamento impecável, garantindo a subsistência da Nação e o aprovisionamento de tudo que necessitarem os soldados nas linhas de frente.
 Ninguém tem o direito de negar o seu trabalho à Pátria.

Todos os cidadãos, moços ou velhos, terão que cumprir o dever cívico de lutar para a vitória.
A Pátria acima de tudo. Os interesses particulares, o comodismo, o conforto, o luxo, tudo deverá ceder lugar ao objetivo supremo de vencer o inimigo.

São José dos Campos não poderá faltar ao cumprimento desse dever sagrado. Unidos e fortes, saibamos dar ao Brasil o que o Brasil exige de nós neste momento: disciplina, ordem e trabalho.

Preparemo-nos para a tarefa que nos incumbe nos serviços da retaguarda, essenciais, à Vitória: Organizemo-nos o quanto antes, mobilizando todas as nossas forças, arregimentando todos os nossos valores, executando todas as ordens superiores com presteza e precisão. Para esse fim, e enquanto não chegam instruções definitivas, tomei a deliberação de constituir duas comissões provisórias com a finalidade de colaborarem com a Prefeitura na organização dos serviços de guerra:

a) COMISSÃO DE ORIENTAÇÃO
dr. Pedro Barbosa Pereira, Padre Teodomiro Lobo, dr. Nelson Silveira d’Avila, dr. Ruy Rodrigues Dória.

b) COMISSÃO EXECUTIVA
dr. Luiz de Azevedo Castro, dr. Manoel Luiz Ribeiro, dr. Raul Ribeiro Flórido, d. Yeda d’Avila Mascarenhas, dr. Sebastião Henrique da Cunha Pontes, Capitão Saturnino Moreira Dias dos Santos, dr. Pedro Sinisgalli, dr. Renato Becker, Miguel Fraterno de Aguiar, Antônio da Silva Santos, Carlos Belmiro dos Santos, Benedito Pacheco Salgado, José de Paula Galvão, João Lopes Simões, Bento de Queiroz, José Benedito Monteiro, professor Domingos de Macedo Custódio.

São elementos de projeção a responsabilidade, dos quais espera a Prefeitura a mais eficiente cooperação.

A cargo da Comissão Executiva ficou desde logo, a imediata organização de um Serviço de Defesa Passiva Anti-aérea Civil, em obediência as determinações que esta Prefeitura acaba de receber do Exmo. Senhor General, Renato Paquet, DD. Comandante da Infantaria Divisionária, com sede em Caçapava.

O primeiro exercício, de blackout em nossa cidade será realizado no próximo dia 5 de outubro entre 19 e 20 horas. Já foram designadas por esta Prefeitura, de acordo com a Comissão Executiva, as pessoas que deverão incumbir-se da sua execução e fiscalização.

Espera esta Prefeitura que a população de São josé dos Campos, demonstrando mais uma vez o seu elevado patriotismo e à sua nítida compreensão dos deveres e responsabilidades que a todos impõe a hora presente, preste obediência aos encarregados do exercício e cumpra disciplinarmente as suas prescrições, que, são medidas de guerra.

Teremos, assim, o ensejo de iniciarmos sob os melhores auspícios a nossa campanha de guerra evidenciando a nós mesmos a nossa capacidade de realização e o nosso amor à nossa querida Pátria.

VIVA O BRASIL
Prefeitura Sanitária de São José dos Campos, aos 24 de setembro de 1942
Pedro P. Mascarenhas
Prefeito Sanitário

Serviço de Defesa Passiva Antiaérea Civil
Seção de Alerta, Escurecimento e Fiscalização

CIRCULAR No. 1

A Seção de Alerta, Escurecimento e Fiscalização, em atenção ao deliberado hoje pela Comissão Executiva, resolveu estabelecer as seguintes instruções para o 1.o ensaio de alerta e escurecimento:

– I –

Entre 19 e 20 horas do próximo dia 5 de outubro, por intermédio de toques breves, repetidos, a curtos intervalos, de sirenes, sinos e apitos que constituem o SINAL DE INÍCIO DE ALARME, a população será advertida, da Aproximação dos aviões do inimigo imaginário.

– II –

Imediatamente após o sinal de início de alarme a população deverá obedecer a seguinte conduta:
a) os que se encontrarem na via pública, sem precipitação, abrigar-se-ão do edifício mais próximo.
b) os condutores de viaturas pararão os seus veículos encostados ao meio fio direito, frearão os mesmos e apagarão as suas luzes, e com os passageiros, abrigar-se-ão ao edifício próximo.
c) os prédios deverão ser escurecidos, com as seguintes medidas:

1) Apagar todos os focos luminosos (luz elétrica, lampião, fogareiros, fogões, etc) conservando apenas um ou dois focos de fraca intensidade, de preferência de cor azul, nos compartimentos que ficam no meio do edifício.

2) Cerrar portas e janelas, vedar as frestas, bem como claraboias, bandeiras, vitrôs, etc., com pano ou tinta adequada, papel preto, de forma a não permitir o menor escoamento de luz para fora do prédio.

– III –

As sirenes, mediante toques longes, repetidos, com longos intervalos, darão o sinal de FIM DE ALARME voltando a cidade à vida, normal.

– IV –

O 1.o ensaio abrangerá a zona urbana e suburbana da cidade, exceto o distrito de Santana.

– V –

Os que tiverem que se ausentar de suas casas, durante o escurecimento, deixá-las-ão fechadas, com todos os focos luminosos apagados.

– VI –

Os que necessitarem de transitar pelas vias públicas, durante o escurecimento, pedirão autorização prévia ao Cap. Saturnino Moreira Dias dos Santos, coordenador da Seção de Alerta, Escurecimento e Fiscalização. E os que, por necessidade imprevista o fizerem, sem aviso prévio, deverão, até as 12 horas do dia seguinte, justificar perante o mesmo senhor a razão do seu procedimento.

– VII –

De qualquer forma, os que durante o escurecimento transitarem pelas ruas, o farão sempre pelas calçadas; e deverão vestir roupa branca ou trazer no braço direito braçadeira de pano branco.

– VIII –

Os que desrespeitarem as presentes instruções, positivada conduta dolosa ou culposa, serão encaminhados às autoridades competentes, para a devida punição.

São José dos Campos, 24 de setembro de 1942
Capitão Saturnino Moreira Dias dos Santos
COORDENADOR

A Campanha do Metal

Sob o patrocínio da Prefeitura Sanitária e da Legião Brasileira de Assistência, inaugura-se hoje na Praça Afonso Pena, a pirâmide de metal, que tem por fim recolher todo o material de ferro, aço, alumínio e outros metais velhos para serem, empregados nos diferentes serviços de guerra. Nas escolas, a campanha já, foi iniciada pelos respectivos professores, sendo de notar o grande êxito alcançado, pois que todos os alunos, moços e crianças, com uma moção admirável de patriotismo, atendendo ao apela já construíram as suas pirâmides de metal nos recreios dos estabelecimentos de ensino.

Hoje deverá ser inaugurada a pirâmide de caráter público, esperando-se que a população ali acorra, para depositar a sua oferta que consistirá em um objeto de metal velho, gasto e imprestável, mas que refundido se transformará em canhões, aviões, vasos de guerra, etc.

Que todos participem deste movimento de são patriotismo, para que o bom nome de nossa terra seja mais uma vez exaltado dentro desta grande pátria.

Ministério da Guerra

Aos habitantes do Vale do Paraíba

É dever de cada cidadão:

1) Ver, ouvir e calar, não comentando ou discutindo assuntos referentes a defesa e segurança da Pátria. Lembrai-vos de que o inimigo está em toda a parte.

2) Prestigiar as autoridades, desde a menos graduado. Obedecer é tão nobre como comando e da obediência consciente nasce a disciplina e a ordem.

3) Não dar curso ao boato que gera a desconfiança e o pânico. O boateiro deve ser perseguido como nocivo à segurança interna.

4) Apontar às autoridades os indivíduos cuja atitude revele atividades contrarias a ordem e segurança do País. Cada cidadão é uma sentinela vigilante da Pátria.

5) Não proteger o indivíduo que deixar de atender ao chamado da Pátria: O covarde e o traidor nivelam-se na pratica do mesmo crime.

6) Não confundir os próprios inimigos com os da Pátria, porque isso provoca insegurança e enfraquece os elos da União Nacional

7) Não dar atenção aos agitadores de várias matizes, que agindo no meio popular, lhe desvirtuam os sentimentos, induzindo os menos avisados à pratica de atos contrários à ordem e estabilidade do regime. Levar ao conhecimento das autoridades a existência desses maus elementos.

8) Cumprir rigorosamente as determinações policiais, facilitando deste modo a tarefa dos que são encarregados de zelar pelo sossego público.

9) O Brasil possui leis que protegem a economia popular. Contrariá-las é fazer o jogo do inimigo, aliando-se a ele. Compete, pois, a cada cidadão denunciar às autoridades o agiota, o proprietário ganancioso e o comerciante sem escrúpulos.

10) Não depredar a propriedade dos súditos do eixo, porque ela se acha incorporada ao nosso patrimônio e responde pelos danos que nos forem causados.

11) Obedecer à palavra de ordem do Chefe da Nação: Os nacionais dos países com os quais estamos em guerra, que aqui vieram e construíram os seus lares de forma regular e honesta, nada devem recear, enquanto permanecerem entregues ao trabalho, obedientes a lei, e prontos a colaborar das atividades defensivas do país.

Quartel General de Caçapava, 15 de setembro de 1942

Correio Joseense, 27 de setembro de 1942, Ano XIX, Num. 958

Conforme divulgamos em o nosso número passado, a Prefeitura Sanitária, atendendo a determinações das autoridades civis e militares, vem desenvolvendo grande atividade no sentido de instruir a população para a defesa antiaérea tendo, para esse fim, feito em seu gabinete várias reuniões, aproveitando todos os elementos capazes e eficientes de maneira a tornar o serviço de defesa mais perfeito possível.

Organizou o dr. Pedro P. Mascarenhas duas comissões com funções distintas, uma orientadora e outra executiva. A comissão executiva vem agindo de maneira destacada, procurando dar fiel cumprimento as determinações já uni formes para a defesa antiaérea. O dr. Sebastião H. da Cunha Pontes, vem se desdobrando em atividade, tendo orientado todo o serviço que está para ser submetido a prova, o qual espera se será coroado do mais perfeito êxito. A Legião Brasileira de Defesa, sob a presidência da sra. d. Yedda D’Avila, Mascarenhas, por seu turno, vem fazendo continuadas reuniões, difundindo por todos os meios os conselhos e a orientação que a população deverá seguir no caso de um ataque aéreo por parte dos nossos inimigos.

E, dado o desenrolar dos acontecimentos, a ninguém é permitido, de boa fé, duvidar da possibilidade de uma agressão, a nossa cidade, tendo em vista a sua posição geográfica como cidade de entroncamento de estradas para o Rio São Paulo, Minas e Caraguatatuba.

Assim, a população deve se ater as instruções emanadas das autoridades competentes, instruções estas que têm sido amplamente divulgadas e aqui publicamos novamente para conhecimento daqueles que, eventualmente, ainda as desconheçam, chamando, entretanto, a atenção para os seguintes pontos de máxima importância:

Não deixar nenhuma luz do interior ecoar para o exterior, quer na frente, quer atrás ou dos lados dos prédios residenciais, comerciais e industriais. Qualquer luz do interior, que esteja acesa, mesmo que todas as aberturas (portas, janelas ou claraboias) estejam obturadas, deve estar sujeita as medidas de velamento, isto é, protegidas por anteparos de cartolina-escura, lâmpadas azuis ou qualquer processo eficiente de velamento: Caso não seja possível o velamento, a iluminação deve ser, então, extinta!

Devem, pois, os responsáveis pelas casas, obturar todas as aberturas que permitam o escoamento de luz para o exterior, evitar grande difusão de luz e reduzir ao mínimo estritamente; indispensável a iluminação do interior das residências.

Atenção, Pedestres!

A experiência dos povos que têm exercitado o blackout ensina que os acidentes consequentes do movimento no escuro costumam ser em maior número que mesmo os oriundos dos ataques aéreos. Tais acidentes são causados por esbarros das pessoas, umas nas outras, em postes, quedas, atropelamentos.

A Comissão Executiva do Serviço Civil de Guerra do município em colaboração com a Legião Brasileira de Assistência, em reuniões sucessivas assentou todas as bases para uma demonstração do mais perfeito conhecimento da prova que se vai fazer. Todas as autoridades,

Tiro de Guerra, os estudantes, enfim todos aqueles que têm uma parcela de responsabilidade na nossa vida pública, estão colaborando, para que o empreendimento corresponda à expectativa.

O dr. Pedro P. Mascarenhas, prefeito sanitário, organizou, em caráter provisório, o Serviço Civil de Guerra, criando um Conselho de Orientação e uma Comissão Executiva para a primeira prova de escurecimento, designando dois membros da Comissão Executiva, dr. Sebastião Pontes, para orientar a instrução da população e propaganda e organizar todos os serviços. Para dirigir e fazer executar todas as resoluções, designou o capitão Saturnino Moreira Dias dos Santos.

O dr. Sebastião Pontes, por sua vez, organizou uma comissão de imprensa e propaganda com os seguintes membros: Napoleão Monteiro, Ademar Gomides Santos, Altino Bondesan, Álvaro Gonçalves e prof. Domingos de Macedo Custódio. Os dois primeiros com funções na imprensa local, o segundo como diretor da P. L. 1, e os dois últimos com atribuições de propaganda nas fábricas. A Legião Brasileira de Assistência encarregou-se da propaganda domiciliar, o que está sendo feito com notável interesse.

Nas escolas, o serviço de propaganda está sendo feito pelos professores e diretores dos estabelecimentos.

Para dirigir a prova de escurecimento, foi criado o Comando Central, com sede no Fórum local, com a seguinte organização: Coordenador, cap. Saturnino Moreira Dias dos Santos; Centro de Alarme e Escurecimento, José de Paula Galvão; Centro de Vigilância, Benedito Pacheco Salgado; Serviço de Transportes, Armando d’Oliveira Cobra.

A cidade, por sua vez, foi dividida em 22 zonas, e designados para servi-las os respectivos chefes e seus auxiliares, como concurso da Legião Brasileira e do Tiro de Guerra 545.

Correio Joseense, 04 de outubro de 1942, Ano XIX, Num. 959

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