Quem foi Luiz Jacinto?

Foto publicada no Almanaque de 1922


Vamos falar hoje sobre Luiz Jacintho de Medeiros, natural de São José dos Campos, nasceu em 1875. Na juventude foi aluno Professor Sebastião Humel grande educador da cidade.
Na antiga Companhia Força e Luz, exerceu a função Guarda-Livros (contador) desde sua fundação. Hábil com a escrita contribuiu com os diversos Jornais da época.
Como funcionário da Prefeitura, foi Chefe da Secretária da Câmara, onde exerceu o ofício de 1901 até falecer em 1929.

Filho de Jacintho Luiz de Medeiros (1833-1913), de nacionalidade Portuguesa, veio morar na cidade em São José dos Campos em 1865. Negociante tinha comércio na antiga Rua 28 de Setembro, foi casado com Mãe Francisca Chagas de Medeiros.
Seus Irmãos foram Bertholdo de Medeiros, Jacintho Luiz de Medeiros Junior, Maria Emilia de Aguiar casada com Antonio Aguiar, Francisca de Medeiros casada José Graciano, Minervina de Medeiros Silva casada Benedicto Silva.

Comércio de seu pai Jacintho Luiz de Medeiros


No 1º Casamento com Rita Guimarães de Medeiros, teve filhos Gabriel Guimarães de Medeiros, Maria Luiza de Guimarães Medeiros (Antiga Professora Olimpio Catão e Escola do Comércio, homenageada com nome de escola no Bairro de Santana).
No 2º Casamento com Maria de Gouvêa Medeiros, teve filhos Adelina, Francisco.

Seu filho Gabriel Guimarães de Medeiros
Sua filha Maria Luiza Medeiros


A Rua Luiz Jacinto e umas da mais movimentadas do centro, onde interligadas importantes avenidas, em sua extensão encontra residências e pontos comerciais sejam tradicionais como Cantina da Nena e antigas algumas danceterias.

Abaixo segue a transcrição de importantes circulares do passado de nosso município.

Ata da Câmara Municipal escrita por Luiz Jacinto


Filho do antigo e honrado comerciante Luiz Jacintho de Medeiros e da senhora de grandes virtudes Dona Fran cisca Chagas de Medeiros, Luiz Jacintho, nasceu nesta cidade de São José dos Campos e aqui recebeu os primeiros rudimentos da instrução primaria, ministrados pelo grande educador Sebastião Humel.

O menino que sempre mostrava boa vontade em estudar e tinha notável propensão para o cumprimento exato do dever, depois de homem feito, não desmentiu o feliz augúrio de seus pais.
De fato, Luiz Jacintho de Medeiros, não é uma figura vulgar no meio social em que convive.

Sem o querer, ele se impôs á admiração da sociedade que o preza e o considera, não pelo desejo de destaque, que não tem; nem pelo dinheiro, que o não seduz; nem pela violência, a que muitos se socorrem; mas, educado na escola altruística do desprendimento e da humildade, a estima que o publice lhe vota, brota espontaneamente, atraída pelo seu coração bondoso e honesto proceder. Nem pode deixar de criar, ao seu redor, uma atmosfera de simpatia, quem tem uma boca que não se abre para atacar a reputação de ninguém e uma consciência que não se doe de mal algum feito a quem quer que seja.

Com esses predicados que exaltam a vida pública e particular de um cidadão, Luiz Jacintho, conseguiu o que muitos procuram e não conseguem – a estima publica – sem distinção de classes sociais ou de credos religiosos, não obstante as divergências de ideias, e as discórdias políticas. Filho desta terra, ninguém como ele vota mais acrisolado amor ao seu berço natal. Podia ter subido à uma posição de maior destaque, e maiores resultados pecuniários, além ou alhures, na política ou no comércio, na administração ou no jornalismo, porque dotes não lhe faltam, mas não quiz sair de sua terra natal, preferiu aqui ficar, gozando das doçuras inigualáveis do bem, desse ditoso bem que só muitos poucos gozam: viver e pretender fechar os olhos na mesma terra em que se venturou nascer.

Como funcionário tem sido dedicado e modelar.

Há muitos anos que vem prestando assinalados e valiosos serviços à Municipalidade desta cidade, no carácter de diretor da secretaria da Câmara. É um homem de confiança e insubstituível na Municipalidade, pelos seus vastos conhecimentos e preparo técnico das cousas políticas e administrativas que a sua opinião é acatada por todos, porque espirito equilibrado e esclarecido, as suas decisões sempre se pautam pelas normas da justiça, da prudência e do bom senso.

Além de guarda-livros da Companhia Força e Luz de S. José, desde a sua fundação, é um jornalista de mérito e uma pena de indiscutível valor. Tem colaborado em quase todos os jornais da terra, em vários da capital e do interior.

Nunca fez do jornalismo uma profissão de mercenário. Antes, dignificou e enobreceu o apostolado e no decurso de muitos anos em que a sua ação de jornalista se patenteou no mais largo descortino, ninguém ainda apontou como um insuflador de discórdia ou um inimigo perigoso. É que a sua pena sempre se exercita em assuntos que não ferem a suscetibilidade de ninguém mas que só trazem proveitos à terra natal e ao bem da coletividade.

O Almanach de São José, como um repositório de fatos históricos, que vão valer para o futuro, rende esta merecida homenagem a quem tem um mérito real brotado da singeleza e do bem.

Almanaque de 1922

Não há um único filho desta terra que ao ouvir pronunciar o nome de Luiz Jacyntho de Medeiros, deixe de sentir coração alanceado por pungente saudade, recordando essa alma boa e generosa. Modestíssimo, sempre recolhido a seus pensamentos, a vida de Luiz Jacyntho apenas tinha um objetivo: praticar obras meritoriais.

Dotado de grande inteligência, era ótimo jornalista, tendo colaborado com eficiência em quase todos os jornais da cidade e em muitos de fora.
Foi guarda-livros da antiga Companhia Força e Luz de S. José por dilatados anos, prestando os melhores serviços.
Nomeado secretário da Câmara em 1901, permaneceu nesse cargo durante muito tempo, só o deixando ao falecer.

Tendo sido reduzidos os seus vencimentos reclamou, como era de justiça. A Câmara, deferindo o pedido, fê-lo baseada no seguinte parecer apresentado pela comissão respectiva, em 18 de agosto de 1917: “a aplicação da reconhecida capacidade técnica do requerente no cargo de secretário da Câmara e da Prefeitura, e o dispêndio da maior parte da sua atividade econômica nesse cargo, justifica o restabelecimento dos seus vencimentos”.

Falecendo Luiz Jacyntho de Medeiros, o seu saimento fúnebre pela grandiosa imponência que apresentou, foi a melhor prova de estima deste povo sempre pronto a premiar seus bons servidores.
Em 18 de junho de 1929, a Câmara concedeu o auxílio de 2:400$000 anuais para a educação dos órfãos deixados pelo exemplar funcionário.

Almanaque de 1934

No bucolismo provinciano de São José dos Campos de outrora uma pessoa existia adentrando a simplicidade do meio ambiente com a fulgurância de sua personalidade de escol timbrada pela paciência beneditina de um verdadeiro sábio, tal a desenvoltura de seu talento temperado na verticalidade de seu caráter.

Quando se escrever a história política e administrativa do Município o nome aureolado de Luiz Jacinto de Medeiros há de surgir prendendo com alfinetes de ouro um largo e brilhante período de sua história.

Com efeito, São José dos Campos nos meados de 1.900 era um pequenino burgo -, com suas retretas de música e seus coretos, – animado pelo maestro Gaia, onde os valores humanos se faziam quase que por si nesta cidade de clima generoso. Nesta época deveria ter Luiz Jacinto de Medeiros os seus 25 anos. Aluno devoto do prof. Sebastião Humel era um ledor inveterado e homem lido nos grandes escritores do dia, inclusive Coelho Neto então na moda. Sua biblioteca mais tarde era uma das mais completas da cidade. Era Luiz Jacinto consultado e respeitado por todos os que o conheciam e podiam avaliar o enorme acervo de conhecimentos literários, políticos, administrativos, contabilidade pública e mercantil, que possuía como um veio inesgotável.

Foi Luiz Jacinto chefe da Secretaria da Câmara, tendo orientado diversas administrações, inclusive do Cel. João Alves Cursino, indubitavelmente um grande administrador. Jacinto nem sempre concordava com as ideias políticas reinantes, mas quando discordava, discordava com finura e arte, fazendo sempre amigos. Era homem afeito no trato da cousa pública.

Luiz Jacinto era também um jornalista de grande mérito, cuja pena brilhante e maleável nunca semeou ressentimentos, nunca plantou discórdias. Era como se fosse um lago brilhando ao sol das alturas, de águas tranquilas e calmas, sem que qualquer pedra o turvasse. Uma dessas figuras de Plutarco no meio bucólico da cidade. Foi desse que mais tarde surgiria para a moderna literatura brasileira o grande poeta e sociólogo Cassiano Ricardo, indiscutivelmente o maior poeta moderno do Brasil, juntamente com Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.

Entretanto, M. Ricardo Júnior já nessa época tangia a sua lira aveludada e elaborava os seus artigos de imprensa que terminou em 1943, desaparecendo neste mar desconhecido que é a morte.

Luiz Jacinto nasceu em 1875, nunca saiu de sua terra natal, aqui viveu toda a sua vida que foi curta, sendo progenitor da grande educadora e mestra que foi a professora Maria Luiza de Medeiros, falecida em 1961, na Capital do Estado, deixando imorredoura saudade a todos os seus alunos das novas gerações.

Faleceu Luiz Jacinto em 26 de outubro de 1928 – foi como uma estrela cadente que riscando o firmamento com seu traço de luz desaparecesse logo em seguida.

Revista Fagulhas de 1967

“Perto morava o sr. Raul Silva, sua esposa Dona Balbina e os filhos Raulzinha e Ernani. Em frente da família do sr. Raul morava o sr. Luíz Jacinto de Medeiros sua esposa e os filhos, Bibo e Maria Luiza. Era o sr. Luiz Jacinto uma das maiores culturas da época e um dos mais distintos assessores do Prefeito. Não era bonito. Muito moreno, baixinho, com o crânio liso e cor de terra, com as feições carrancudas. Era, no entanto, de uma simpatia absorvente. Conquistava à primeira vista tanto aos adultos como as crianças para os quais sempre tinha histórias deliciosas, enquanto sabia prender a atenção dos adultos com sua conversa enciclopédica, que despertava interesse porque o que falava sempre era instrutivo.”

“O contador e secretário da cidade era seu Luiz Jacinto de Medeiros, o homem de maior cultura autodidata de nossa cidade e o mais correto também. Não era um homem bonito. Tinha o crânio liso e cor de terra e as feições não as tinha delicadas, mas era de fabulosa simpatia. Atraia os adultos e os pequenos com a mesma facilidade porque tinha uma conversa enciclopédica que despertava interesse além de instrutiva.
Seu Luiz Jacinto tinha uma filha, Maria Luiza, muito loira e muito bonita, e um filho, o Bibo, um rapaz acanhado e meu bom parceiro para jogar pingue pongue.”


Trechos do livro Nossa Cidade de São José dos Campos, de Jairo Cesar de Siqueira.

Nome dado à Rua Luiz Jacinto, no Centro


nome dado à Rua Professora Maria Luiza Guimarães Medeiros, no Centro


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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente

2 thoughts on “Quem foi Luiz Jacinto?

  1. Ótima matéria. Gostaria de saber o endereço em que moravam aqui em São Jose dos Campos.
    Quem foi o pai de Luiz Jacinto de Medeiros.
    Grato.

  2. Parabéns pela pesquisa e pelo texto! É importante conhecer a História de nossa Cidade, de nossa terra! Orgulho de ser joseense!

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