História da Tecelagem Parahyba

O texto a seguir é de origem do site Wikipédia, uma pincelada por alto sobre a longa história de mais uma das fábricas pilares do município, acompanhado de belas imagens de uma época distante, reunidos aqui para dar volume ao acervo do site São José dos Campos Antigamente, uma importante fonte de pesquisa sobre nossa história.

Operários na década de 1930
Fachada na década de 1940


O início

A Tecelagem Parahyba S/A é uma das mais importantes indústrias de São José dos Campos.
A fábrica foi inaugurada em 1925, por um grupo de empresários portugueses, entre eles Ricardo Severo, sócio de Ramos de Azevedo. Nesta época produzia apenas Brim.


Olivo Gomes

Olivo Gomes era corretor da bolsa de valores, trabalhava com corretagem de café e algodão. Com a quebra da bolsa em 29, Olivo Gomes foi convidado para analisar os ativos fixos da fábrica e atuar como consultor financeiro, passando em pouco tempo a cargo de gerente.

Em 1933, Olivo Gomes adquiriu os ativos da fábrica em acordo com Ricardo Severo e na condição de principal acionista se torna proprietário e presidente da Tecelagem Parahyba.

Ainda na década de 30 a fábrica recebe o benefício de 25 anos de isenção dos principais impostos. Nesta época a Tecelagem possuía em seu quadro 1.200 funcionários, produzia 170mil cobertores e 180mil metros de brim mensalmente.

Ainda na década de 40 a marca Cobertores Parahyba passou a dominar o mercado interno e aumentou consideravelmente suas exportações devido à Guerra, o que gerou altas margens de lucro para uma produção de 4 milhões de cobertores por ano.

Tinturaria


Nos anos 50, Olivo Gomes decidiu transformar a fábrica  para a produção de cobertores de alto padrão. Então, ele foi para a Itália, na região de Firenze, a fim de contratar especialistas do Instituto Buzzi, da cidade de Prato. Olivo contrata diversos profissionais especializados em diferentes etapas da produção de cobertores, como fiação e tear.

Além dos italianos, Olivo também trouxe para o Brasil, maquinários europeus, que os italianos acabaram canibalizando com as máquinas que a fábrica já tinha. Mas como a mão-de-obra local não era capacitada, Olivo criou a escola de alfabetização da Tecelagem Parahyba, onde os funcionários eram alfabetizados e recebiam treinamento.

Em 1957, já bem fragilizado e doente, Olivo Gomes faleceu e deixou cinco filhos. Clemente Gomes, o mais velho acabou assumindo os negócios.

Sala de tecidos
Sala de mistura
Sala de mistura


A fábrica social

Olivo Gomes ficou conhecido na região como um empresário de vanguarda. Nos anos 40, Olivo Gomes à frente da Tecelagem Parahyba, decidiu construir vilas operárias, que foram destinadas a moradia dos diretores e técnicos. Seus projetos habitacionais nas imediações da fábrica promoviam a manutenção vigiada da mão-de-obra da Tecelagem.

Além da escola de alfabetização para os funcionários, a Tecelagem Parahyba também oferecia cursos preparatórios. Todos precisavam fazer o curso por três meses, fazer a prova e se passasse seria contratado para trabalhar em uma das seções da fábrica.

A Tecelagem Parahyba também tinha parceria com colégios particulares de São José dos Campos para oferecer bolsa para filhos de funcionários.

A fábrica também disponibilizava atendimento médico, odontológico, farmácia, supermercado e até cabeleireiro para seus funcionários.

Sala de mistura
Sala de beneficiamento
Sala de beneficiamento


A marca fortalecida pela publicidade

Com Clemente Gomes à frente da empresa, os negócios continuaram a crescer na década de 60, principalmente pelo alto investimento em publicidade. A marca Cobertores Parahyba estava presente em revistas, rádios, feiras, brindes e patrocínio de eventos e esportes. Foi quando foi ao ar pela primeira vez a campanha publicitária mais famosa do Brasil, que marcou gerações com o jingle “Já é hora de dormir”, com arranjo de Erlon Chaves e voz de Lourdinha Pereira. Todas as noites, às nove horas em ponto ia ao ar na TV Tupi a chamada do jingle para que as mães colocassem as crianças para dormir, pois a programação não era adequada.

“Já é hora de dormir, não espere a mamãe mandar, um bom sono para você e um alegre despertar…”

Abaixo podemos ver um dos vídeos da marcante propaganda com uma pequena entrevista que realizei com o animador Joaquim 3 Rios.

Depósito de matéria prima
Hora do almoço


O auge

Com Clemente ainda à frente dos negócios, nos anos 70 a fábrica dominava mais de 70% do mercado nacional e exportava para mais de 90 países, com linhas assinadas por Pierre Cardin, Pierre Balmain e Maurício de Sousa da Turma da Mônica.

Nesta época Severo Gomes, irmão de Clemente, formado em direito, rumou para a política assumindo pela segunda vez um ministério, o da Indústria e do Comércio do governo Geisel, deixando em segundo plano a fábrica em São José dos Campos.

A mansão e as fazendas

Durante os anos dourados da fábrica, a família Gomes investiu também em agricultura e agropecuária, acumulando diversas fazendas na região e também em outros estados do Brasil.

Na fazenda Sant’ana do Rio Abaixo, adjacente à fábrica, a família construiu uma mansão durante as décadas de 50 e 70. Na casa aconteciam grandes eventos sociais e diversos artistas brasileiros eram convidados a se apresentar no local.

O projeto arquitetônico da casa foi desenvolvido pelo arquiteto Rino Levi. A pigmentação e pintura foram realizadas por Francisco Rebolo. O projeto paisagístico foi projetado por Roberto Burle Marx.

Homens de um lado
Mulheres do outro


O fim da Tecelagem

Em 1982, com o fim do milagre econômico o país passa a ter dificuldades, e a Tecelagem Parahyba acabou entrando em crise, pediu sua primeira concordata, avaliou e hipotecou bens para adquirir empréstimos.

As dívidas se tornaram insustentáveis causando a paralisação dos funcionários, que já estavam sem receber salário há um ano. Na tentativa de salvar a empresa o sindicato passou a comandar a empresa e dentro de oito meses conseguiram quitar as dívidas com os funcionários, mas após cumprirem o acordo tiveram que devolver a administração para a família Gomes.

Nos anos 90 as dívidas com ICMS, FGTS, Imposto de Renda e IPTU somavam 50 milhões de dólares, inviabilizando inclusive o pagamento de salários.

O afastamento de Clemente Gomes da direção da fábrica e a morte acidental de Severo Gomes, obrigou a família Gomes entregar o complexo fabril e parte do maquinário ao BNDES para a quitação da dívida com o Estado de São Paulo e a área da residência para a Prefeitura Municipal de São José dos Campos para quitar as dívidas de FGTS.

Pátio interno


Atualidade

Após uma revitalização da marca, os Cobertores Parahyba voltaram à ativa. Hoje em dia a fábrica de São José dos Campos voltou a funcionar e os famosos cobertores são distribuídos para todo o Brasil.
Eles também distribuem através de uma loja online:
http://www.cobertoresparahyba.com.br/

A Vila Operária em fevereiro de 1926


Assista também ao documentário Por Entre Fios com relatos de funcionários e moradores.


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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente

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