Incêndio destrói loja da Siqueira Campos (1976)

Mesmo a pronta intervenção do corpo de bombeiros não conseguiu evitar que um incêndio de proporções destruísse, na manhã de ontem, as instalações da loja “Lanofix”, na rua Siqueira Campos. O fogo começou por volta das oito horas e às dez os serviços de rescaldo eram iniciadas, com todo o estoque da loja (máquinas e fios de lã) destruído pelo fogo ou inutilizado pela água, a mesma água que por vezes faltou (a cidade não possui uma rede de hidrantes em pontos estratégicos para facilitar o trabalho dos bombeiros, obrigando-os a se utilizarem de carros-tanque para transporte do líquido para o local de trabalho, numa operação demorada que transtorna o serviço e impede a perfeita execução da luta contra as chamas. No incêndio que destruiu a imobiliária “Varanda”, no dia de Natal, faltou água. Ocorreu o mesmo, na passagem de ano, quando um automóvel se incendiou em Santana. Ontem, o fato foi no centro da cidade.

O estabelecimento comercial denominado “Lanofix”, especializado no ramo de lãs, foi parcialmente destruído por um incêndio observado às 7,50 horas da manhã de ontem. Até a tarde os prejuízos não tinham sido calculados mas admitia-se que noventa por cento das mercadorias estocadas na loja da rua Siqueira Campos, 244 tinham sido destruídas pelo fogo, Pouco depois de terem aberto o estabelecimento duas funcionárias saíram à rua pedindo auxílio aos comerciantes vizinhos que comunicaram o fato ao Destacamento do Corpo de Bombeiros local. Dez minutos depois chegavam três carros autobombas que cuidaram inicialmente de impedir a propagação das chamas às lojas e residencias vizinhas. O local foi interditado enquanto era iniciada a operação dos bombeiros que durou mais de três horas que o último vestígio de fogo foi localizado pelos homens da guarnição. Dois carros da Companhia Municipal de Água e Esgoto e um da Prefeitura Municipal auxiliaram no transporte de água uma vez que o hidrante localizado a cerca de 400 metros encontrava-se entupido. Pouco além das 10 horas foi iniciada a operação rescaldo que prolongou-se até as 13:30 horas. Pela grande quantidade e pelo valor das mercadorias estocadas, novelos e cones le lã, sabe-se que os prejuízos foram de grande monta. O pavimento superior onde são ministrados cursos de bordado tricô pela Lanofix, não foi atingido.

7:50 O ALARME

Segundo os vizinhos, faltavam dez minutos para as 8 horas quando as duas funcionárias da Lanofix, encarregadas pela abertura do estabelecimento, saíram na rua anunciando em prantos o início do sinistro, muito embora alguns admitem que o incêndio pode ter se iniciado bem antes. Isaura Miacci, funcionária da Resolex, firma que fica em frente à loja sinistrada, foi uma das pessoas que discou para o Corpo de Bombeiros. “O telefonista respondeu que eles já estavam a caminho e dez minutos depois chegava o primeiro carro”, disse ela. Após o alarme inicial e a aparição de fumaça curiosos foram atraídos para o local e à chegada dos bombeiros chegaram a prejudicar o início das operações. Um comerciante vizinho forneceu cordas e foi estabelecido um isolamento reforçado pelos militares da 1.a Cia. da Policia Militar. Evitar que as chamas se propagassem para as residências e estabelecimentos vizinhos foi a primeira ordem transmitida pelo tenente Meneses, co- mandante do Destacamento dos Bombeiros. Moradores do número 250, cuja casa fica isolada da Lanofix por um corredor de apenas dois metros de largura só se aperceberam do fogo quando as viaturas começaram a chegar ao local. Entretanto, o pânico não chegou a ser estabelecido: “Os bombeiros trabalharam muito bem e a única iniciativa que tomei foi transportar meus familiares até a esquina mais próxima para evitar qualquer eventualidade e auxiliar na remoção dos móveis se fosse o caso”, declarou Dimas Ferreira Ivo.

HIDRANTE FALHA

Através de um vitrô lateral os bombeiros começaram a distribuir os primeiros jatos de água. Minutos depois surgiria um grave problema: como a água dos caminhões tivesse acabado, os bombeiros recorreram ao hidrante instalado próximo ao Supermercados Dias. Mas lá, uma decepção: o hidrante estava entupido e houve a necessidade de mobilização das viaturas até outro ponto, bem mais distante, apesar do auxílio de dois caminhões da COMAE e um da Prefeitura que chegaram ao local pouco depois da chegada das viaturas dos bombeiros. O combate às chamas tornava-se difícil em razão das mercadorias estocadas serem de fácil combustão. Às 10:10 horas o tenente Meneses autorizou o inicio do rescaldo. Grandes quantidades de lã em novelo, a granel e embaladas em cones de papelão, eram retiradas enquanto que no interior da loja havia ainda inúmeros vestígios de fogo. A operação só terminou por volta das 13:30 horas quando aguardava-se a chegada da Polícia Técnica de São Paulo. Durante os trabalhos, dois bombeiros sentiram-se mal e foram levados para o Pronto Socorro da Santa Casa e um dos curiosos, atrás da corda de isolamento comentou: “Uma ambulância deveria estar mobilizada para casos de emergência, participando efetivamente da operação”

O Valeparaibano, 20 de janeiro de 1976

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