Inaugurado em 21 de julho de 1941, o Cinema Paratodos, de propriedade de Joaquim Lopes Alves de Alvarenga, constituiu o principal espaço para eventos sociais, culturais e de lazer da época, uma vez que o “Theatro São José” (atual Biblioteca Pública Cassiano Ricardo), que desde 1910 também funcionava como cinema, foi fechado em 1940 para que seu edifício servisse de sede da Prefeitura Municipal.
O Cinema em estilo art déco foi projetado por Tadeu Guizo, ocupando um terreno na Rua Coronel José Monteiro, onde existia um imenso jardim. Durante a construção do Cinema, devido à falta de recursos financeiros, o jardim foi loteado pelo proprietário para viabilizar a conclusão do edifício.
Frequentado por todas as classes sociais, que se dividiam nos dois pisos do cinema, sendo o piso térreo ocupado pela classe alta, o Cinema possuía capacidade para 1830 espectadores sentados.
Pouco tempo depois de inaugurado, ainda endividado, Joaquim Lopes foi obrigado a alugar o Cinema Paratodos para a “Companhia de Cinema do Vale do Paraíba” e, com a construção na década de 60 do Cine Palácio, que se tornou o principal cinema da cidade, foi inevitável o processo de degradação do Paratodos.
Mesmo com o crescimento da cidade, nas décadas de 80 e 90, a estagnação da região central e o surgimento do “Shopping Center”, local onde os novos e modernos cinemas se instalaram, o Paratodos, apesar de poucos recursos e má conservação, continuou funcionando. E em 1988 foi preservado por lei municipal como Elemento de Preservação Nível 2 (EP-2).
O Cinema Paratodos é o mais saliente exemplo do art déco caboclo em São José dos Campos. Trata-se de uma versão simplificada, característica da difusão dos estilos pela região devido a sua proximidade com a capital paulista, mas que revela cuidados e requintes se considerarmos os padrões construtivos à disposição na cidade, no início da década de 1940. Constitui-se num signo dos ares de modernidade que já se insinuavam nesta região a partir do final dos anos 30.
O manifesto no grupo SJC Antigamente sobre o mau uso do espaço repercutiu positivamente em favor do prédio.
A fachada constitui-se num forte apelo visual, sendo próprio de edifícios destinado a atividades culturais e de lazer, tais como teatros e cinemas. Apresenta-se claramente dividido em dois níveis, térreo e mezanino, por uma marquise com bordas e formato caraterísticos. No térreo, identificam-se dois blocos laterais, formados pelas bilheterias, e um central, recuado de forma a acentuar o acesso pelas três portas em madeiras. As escadas que levam ao mezanino encontram-se ao lado das bilheterias e seu acesso se dá por fora do edifício. Largos pilares arredondados conferem solidez ao edifício e dão ritmo na fachada, definindo ambientes e usos diferentes, ao mesmo tempo que dão sequência e unidade ao conjunto.
“Eu estava lá. A música era do Douglas Carlyle e Pedro Rachid. Começava asim Uma cesta de rosas para Maria… Como eu me lembro de todas as noites de apresentação.” Por Olga Da Mata Pasquarelli.
“Essa era a platéia, o povo torcia e gritava e aplaudia muito, lotou o cine Paratodos e ficou cheia a rua do lado de fora do cinema, foi um espetáculo.essa foi a final, dia 29 de abril 1969.” Por Doralice Daniel.
No espaço, funcionou uma financeira, uma igreja, o Shopping Paratodos e o Shopping do Brás Paratodos, entre 2015 e 2021.
Na parte superior da marquise a distinção de blocos se mantém, mas o tratamento volumétrico é diferenciado. Na parte central, marcando sua simetria, encontra-se uma cortina de vidro configurando um reticulado que lhe confere personalidade. Ilumina assim a sala de espera que antecede o acesso às poltronas dispostas no mezanino levemente curvo nas extremidades.
Nas laterais da marquise, encontram-se dois volumes curvos, secionados verticalmente por pilares finos e salientes, com arremate arredondado acima dos blocos. Entre seus vãos estão as esquadrias quadriculadas, encabeçadas por aberturas especiais para ventilação.
Merece destaque ainda, o uso de artefatos de ferro e ornamentos internos com desenho característico da art déco, presente nas bilheterias.
No dia 08 de outubro de 2021 foi inaugurada a Lojasmel onde funcionou o Cine Paratodos
Veja mais imagens no carrossel abaixo:
Localização por foto aérea
Desenho detalhando o cinema
Vídeo
Abaixo um carrossel com 27 fotos externas e internas do Cine Paratodos de 2004
(passe as imagens para as laterais esquerda ou direita)
Endereço: Rua Coronel José Monteiro, 168 – Centro
Denominação: Cinema Paratodos.
Localização: Rua Coronel José Monteiro, n°168, Centro.
Uso Original: Cinema.
Uso em 2005: Desativado.
Área Construída: 1.679,08 m2.
Construção: 1941.
Autor do Projeto: Tadeu Guizo.
Construtor: Desconhecido.
Preservação: Instrumento Legal conforme Legislação Municipal de Patrimônio: Lei n°3.358/88, de 15 de julho de 1988.
Categoria de Preservação conforme Legislação Municipal de Patrimônio: EP-2.
Restauro: Não houve (indicado até o ano de 2005, posteriormente como vimos passou por algumas stuações até se tornar a Lojasmel).
Texto, fotos e computação gráfica realizados pelo arquiteto e professor Fabio de Almeida para o projeto “Patrimônio Arquitetônico de São José dos Campos” por meio da Lei Complementar 094/93 de 13/12/93, do Município de São José dos Campos-SP, no ano de 2005.
Copyright © Fábio de Almeida
Fotos e textos complementares reunidos por Wagner Ribeiro.
O ESPAÇO DEVERIA SER USADO PARA O NOSSO TEATRO MUNICIPAL!
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