O início do Calçadão nos anos 70

Um anteprojeto do “Calçadão” da rua 7 de Setembro já foi apresentado pela Prefeitura Municipal de São José dos Campos ao presidente do Sindicato do Comércio Varejista, Sebastião Paulino da Costa e a comerciantes interessados. Entretanto, segundo uma fonte ligada ao comércio da rua 7 de Setembro, a Prefeitura quer conhecer a opinião dos lojistas para depois anunciar o início das obras. Segundo o anteprojeto, além das áreas verdes, fios de energia elétrica e telefônicos serão subterrâneos, medida que visa proteger o aspecto visual daquela rua.

COMISSÃO

O interesse da Prefeitura em transformar a rua 7 em “Calçadão” confirmou após a sugestão do pre- feito Ednardo José de Paula Santos para que os próprios comerciantes interessados criassem um grupo de trabalho com a finalidade de conhecer a opinião dos comerciantes e para que se realize um planejamento comum ao interesse de todos. Essa comissão foi criada na noite de anteontem em reunião realizada na sede do Sindicato do Comércio Varejista de São José dos Campos. É possível que esse grupo de trabalho venha a se constituir em uma Sociedade Civil ou em Condomínio, oficializando a participação dos lojistas na transformação tão esperada, pelo menos pela maioria dos comerciantes da rua 7 de Setembro.

INTERESSE

Paulo: os pedestres precisam de mais segurança.

Apesar da importância da reunião de anteontem, a ela compareceram apenas 12 comerciantes. Mesmo assim, graças à disposição dos presentes, foram iniciados alguns debates. Humberto Pinotti, por exemplo, embora seja plenamente favorável ao “calçadão”, levantou uma questão que vai merecer estudos: o problema de descarga de mercadorias, Maurício Peneluppi que lidera a comissão respondeu que a pergunta justifica a constituição do grupo de trabalho que tem a missão de levar à Prefeitura as justas reivindicações, como a apresentada por Humberto. Conforme se comentou durante a reunião as obras de construção do “calçadão” não deverão representar nenhum ônus para os comerciantes. Entretanto, estes deverão colaborar reformando fachadas e letreiros de seus estabelecimentos.

OPINIÕES QUE COINCIDEM

Humberto: a ideia deve ser posta em prática.

A ideia da transformação da rua 7 em “calçadão” vem sendo recebida com muito otimismo pelos comerciantes nela estabelecidos. Maurício Peneluppi afirmou que a obra não terá apenas uma validade comercial; o calçadão será uma atração da cidade. Outro comerciante, Léo Luciano Caverni, concorda com Maurício e lembra outro aspecto benéfico: “o trânsito prejudica os compradores”. Wilson, jovem universitário da Faculdade de Arquitetura, responsável por uma loja de móveis da rua 7 de Setembro também tem sua opinião: “Sou totalmente a favor de um centro comercial exclusivo, com plena liberdade para os clientes”. Já o comerciante Paulo Narukawa, demonstra sua preocupação pelos pedestres: “Alguns carros passam pela rua 7 de Setembro a uma velocidade, às vezes, até superior aos 50 km/h. Fato que representa uma ameaça aos pedestres que no meu entender sera também muito beneficiados com a medida. Do ponto de vista comercial o único comerciante entrevistado que não tem interesse direto na mudança e Humberto Pinotto: “Meu ramo é vidraçaria. Na época de restas meu estabelecimento fica fechado. Mas não quero ficar alheio ao movimento porque acho que o “calçadão” é necessário e vai trazer muitos benefícios a São José dos Campos”.

EM SÃO PAULO

Wilson: um projeto de acordo com os novos conceitos urbanísticos.

Na Capital do Estado, depois de dois anos da elaboração do projeto inicial para a implantação de ruas de pedestres a EMURB chegou à conclusão de que os calçadões deverão ser criados também nos bairros. Pinheiros e Santo Amaro serão os dois primeiros beneficiados, até o começo de 1977. Enquanto isso, a partir de hoje cento e vinte homens estarão trabalhando na remoção das calçadas e nivelamento da rua do Comércio. Posteriormente os trabalhos se estenderão às ruas Direita, São Bento, Largo da Misericórdia, Largo do Café, Alvares Penteado, José B. Quitanda, Quintino Bocaiuva, do Tesouro Senador Paulo Egydio, Duvidor, Miguel Couto, 3 de Dezembro, Anchieta e João Bricola. Monumentos, piso colorido de mosaico português, bancos, orelhões da TELESP, lixeiros, luminárias, além de floreiras e vegetação fazem parte do projeto na Capital.

Jornal O Valeparaibano, janeiro de 1976

CALÇADÃO DA RUA SETE – ESTÁ PRONTO O PROJETO

A transformação da Rua 7 de Setembro em uma zona para pedestres com a implantação de um “Calçadão” já tem todos os projetos técnicos e arquitetônicos preparados pela Assessoria de Planejamento da Prefeitura de São José dos Campos e nos próximos dias eles serão colocados em concorrência para o início imediato das obras. Três quadras dessa rua terão a sua estrutura modificada para se transformar em um grande Shopping Center ao ar livre com áreas arborizadas e outros equipamentos urbanos.

O assessor de Planejamento, eng. Carlos Barroso de Souza, explica que o projeto do “Calçadão” da Rua 7 de Setembro tem objetivos múltiplos que visam dar a São José dos Campos não apenas um centro de compras com muitas facilidades para o público, como também um local para o lazer e convívio da comunidade. Os projetos arquitetônicos já estão prontos detalhados, faltando apenas os projetos de iluminação pública e telefones que ficaram a cargo, respectivamente, da Light e da Telesp.

HUMANIZAR A CIDADE

A perspectiva em transformar a Rua 7 de Setembro em atrativo urbano, além do comércio ali existente, segundo o eng. Carlos Barroso de Souza, faz parte de um planejamento visando dotar a cidade de equipamentos e recursos para transformá-la para melhor, deixando-a mais humana. Ele explica que “uma pequena viela comercial, com largura perto de nove metros, exige um trânsito exclusivo para pedestres e, dessa forma, seria assegurada uma escala mais humana aos habitantes, pela perspectiva de uma acolhedora e íntima.” O assessor de Planejamento ressalta também que “os estímulos românticos teriam de um lado uma maior abertura social, com a colocação na rua de árvores, bancos, telefones públicos bancas de jornais, etc, transformando a rua num calçadão arborizado com os equipamentos que assegurassem aos transeuntes um maior conforto urbano. A retirada dos automóveis seria uma medida no sentido de assegurar uma circulação tranquila e conquistar, para isso, um espaço visual de uma estética bem mais definida. O nível de ruido, com a retirada dos automóveis cairia bastante, assim como o índice de poluição do ar, possibilitando maiores condições de conforto ambiental.

O eng. Carlos Barroso de Souza esclarece também que “de outro lado, o comércio teria conquistado um local de atração urbana, onde o encontro da população, garantiria uma rentabilidade certa, dentro de um padrão urbanístico já experimentado em outros centros”. O comércio já está perfeitamente conscientizado da validade da ideia e para manter todos os entendimentos com a Prefeitura foi criada uma sociedade civil chamada “Sete” (Sociedade dos Amigos da Rua Sete) que e presidida pelo comerciante Mauricio Penellupi.

ATRAÇÃO URBANA

No projeto preparado pela Assessoria de Planeja mento da Prefeitura existem diversos aspectos inova dores. Um deles prevê a remodelação de todas as fachadas das lojas, da área do “Calçadão”, que obedeceriam a um plano de forma a não quebrar a unidade da rua. Inicialmente a ideia consiste em fazer uma limpeza de cada fechada, que já foram estudadas detalhadamente pela Assessoria de Planejamento, obedecendo aos seguintes princípios: respeitar a moldura e contorno original das fachadas, revesti-las de massa fina, corrigindo as imperfeições, fendas e buracos; retirar todos os letreiros sobre a superfície das paredes e portas de enrolar; retirar os toldos velhos e rasgados, e os que possuírem letreiros, substituindo-os por toldos novos, de preferência da cor da fachada; pintar as fachadas de cores claras e neutras sendo que todas as ferragens (esquadrias, portas e portões) deverão ser brancas; e as molduras das fachadas também deverão ser brancas.

Para não descaracterizar a feição da nova rua, qualquer modificação e reforma nos edifícios terá que ser aprovada pela Assessoria de Planejamento da Prefeitura que orientará o desenvolvimento do projeto.
O eng. Carlos Barroso de Souza explica que “isto não imobiliza qualquer tentativa criativa, mas procura preservar uma unidade urbanística, para que o espírito da rua permaneça”.

PROJETO MODERNO

O projeto urbanístico da nova Rua Sete é moderno e bastante simples, prevendo nada menos do que 28 jardins cercados por bancos de concreto aparente. Esses jardins suspensos terão árvores e arbustos como o Ipê Amarelo, Sibipiruna, Primavera, Dracena Mancá, Flamboyant Amarelo e outros. O piso será de basalto calcário, no estilo dos passeios de Copacabana e a iluminação será feita por postes com quatro luminárias, colocados alternadamente no lado esquerdo e direito da rua, já que toda a instalação elétrica e demais equipamentos serão subterrâneos.

Além dos bancos sombreados por árvores e arbustos, haverá também bancas de jornais e quiosques para a venda de flores, etc, sendo que a principal preocupação da Assessoria de Planejamento é transformar a Rua 7 de Setembro em uma zona de grande atrativo urbano incentivando a presença da população em todo o trecho do “Calçadão”. Outro detalhe inovador do projeto do “Calçadão” é o aproveitamento das áreas atrás das lojas. Segundo o engenheiro Carlos Barroso de Souza “atualmente os lotes tem pouca frente e muito fundo. Com isto, as construções existentes deixam um grande vazio sem utilização, numa zona muito cara e de grande comércio”.

Segundo o assessor de Planejamento “esta área disponível poderá ser aproveitada por outras lojas restaurantes, bares e lanchonetes. A colocação de playgrounds possibilitaria um maior conforto às mães que trouxessem seus filhos às compras”. Finalizando, o eng. Calos Barroso de Souza acrescenta que sendo um projeto integrado Prefeitura-comunidade, todos os estudos e planejamentos foram feitos de comum acordo com os próprios comerciantes. “Dentro de pouco tempo, afirmou “São José dos Campos já poderá contar com o seu grande “Shopping Center” ao ar livre, como uma grande loja de departamentos com amplas facilidades para o público, já que o próprio “Calçadão” funcionaria como um atrativo e lazer da comunidade”.

Jornal O Valeparaibano, abril de 1976

Abaixo, imagens da Rua 7 de Setembro em transformação.

O andamento das obras.

O Calçadão pronto para o público.

Apresentações de rua como atrativo ao público.


Em 1988, o Calçadão passaria por uma remodelação para o aniversário da cidade de 221 anos.

O NOVO CALÇADÃO

As festividades pelos 221 anos de São José dos Campos terão um gosto especial para o comércio no dia 27 de julho, dia do aniversário da cidade, será inaugurado o novo Calçadão da Rua Sete, um espaço de comércio e circulação de pessoas inteiramente remodelado no centro joseense, a um cus- to superior a Cz$ 40 milhões. Com o novo Calçadão, um renascimento da própria área central, também a colaboração do comércio os lojistas do Calçadão estudam, por exemplo, um novo horário para funcionamento do comércio da área, que passaria a fechar às 20 horas, atraindo consumidores fora do horário tradicional das 8 às 18 horas. O objetivo é mexer com o Centro, transformando-o em um polo de atração constante, uma boa e fácil opção de compras.

A reforma da Rua Sete é uma conquista do comércio. Após anos e anos de problemas crônicos, o comércio arrancou dos projetos uma obra concreta, realizada pela Sérgio Porto Engenharia em tempo recorde (84 dias), sob a supervisão da Urbanizadora Municipal (Urbam). Resta somente uma segunda etapa da mudança, que é a adequação de toldos e fachadas ao projeto original. Isso dependerá dos próprios comerciantes.

Esse aniversário de São José dos Campos será um marco para o comércio joseense. Essa é a opinião do presidente em exercício do Sindicato do Comércio Varejista, José Maria de Faria, com a qual concorda o presidente da Sociedade dos Lojistas do Calçadão (Solocal), Jorge Alwan.

“A reforma do Calçadão é a revitalização do centro da cidade. Agora passaremos a outras reivindicações, como mais bolsões de estacionamento e uma prioridade ainda maior ao pedestre”, afirmou Jorge Alwan. A partir da inauguração, a Solocal, entidade que reúne 125 lojistas responsáveis pelo emprego direto de dois mil funcionários, promoverá a Rua Sete, com campanhas e lançamento de projetos novos.

– Estamos estudando a realização semanal do Dia do Calçadão, um dia em que todas as lojas terão liquidações ou uma oferta especial para movimentar a população. E o lançamento de um cartão preferencial para o consumidor do Calçadão, que possibilitará descontos especiais em algumas compras ou uma forma melhor de pagamento, explicou o presidente da Solocal.

Outras novidades deverão ser campanhas maciças do comércio, comemoração conjunta de datas especiais (Dia das Mães e Dia dos Namorados, por exemplo), além de uma festa especial dos lojistas da área para a inauguração do novo Calçadão. Deverá haver, uma semana após a inauguração oficial, uma Semana do Novo Calçadão, com promoções, sorteios de brindes e muita festa para marcar essa conquista do comércio, haverão palhaços, shows e muita animação, garante Jorge Alwan.

COMEÇO DIFÍCIL

Quando a área recebe os últimos ajustes, com fim da colocação de piso e instalação de bancos, luminárias e jardineiras, as dificuldades do início da reforma parecem muito distantes. A poeira e lama que marcaram os primeiros dias da obra, e que provocaram muitas reclamações, pertencem agora ao folclore e anedotário do Calçadão. Distantes também outros tempos, em que qualquer chuva inundava a área toda a Rua Sete tem um novo sistema de galeria de águas pluviais, novas redes de água e de esgoto e nova rede telefônica. Após a inauguração no dia 27 faltará somente a adequação de fachadas e toldos.

Pelo projeto da Prefeitura, os toldos e fachadas serão uniformizados. Toldos sem propaganda, de cor neutra, todos do mesmo tamanho e fachadas com publicidade alinhada à marquise, com o fim dos luminosos verticais. O presidente da Solocal acredita que essa mudança não será problemática, embora tenha que ser feita pelo próprio lojista. “Isso já foi discutido antes, e todos concordaram. Falta a decisão de que material usar, toldo mesmo ou metalflex. Pode ser usado ainda o night and day, uma espécie de lona especial que deixa passar a luminosidade, menos os raios infravermelhos. É muito usada em estandes de exposições e feiras”, comentou.

Acredito que até dezembro 40% das lojas já estejam remodelas. É um renascimento do espaço, inclusive com a vinda de novas lojas de porte, como a Riachuelo – afirmou. Esse sentimento de renovação é também o de José Maria de Faria, para quem o comércio é o grande festejado neste aniversário de São José dos Campos. “A conquista da reforma do Calçadão é a prova da força do nosso setor. Unidos, temos meios de obter do Poder Público todas as mudanças e reivindicações de que necessitamos. O que aconteceu com o Calçadão é uma mostra disso, e que será bem aproveitada”, afirmou.

UM PROJETO SIMPLES

O projeto de reforma da área partiu de uma decisão de simplificar as soluções. A área pequena e o grande número de pessoas circulando direcionaram o projeto para uma tentativa de ampliar o espaço disponível concentraram-se os equipamentos urbanos (bancos, postes, lixeiras, jardineiras, orelhões e caixas de correio) no centro do Calçadão, abrindo maior espaço de circulação. Isso permite também que haja espaço para trânsito de veículos, o que possibilita uma coleta de lixo eficaz. O número de hidrantes da área foi ampliado, o que aumenta a segurança do Calçadão.

Esse ovo de Colombo da simplicidade foi descoberto pelo arquiteto Rui Vieira. E está embutido em uma nova proposta da Prefeitura para toda a área central da cidade a Prefeitura quer que a população utilize mais o centro, como opção de lazer e moradia.

O trecho da Rua Sete em frente ao Mercado Municipal poderá ser transformado em extensão do Calçadão. Os comerciantes do local esperam uma resposta do secretário do Planejamento da Prefeitura, Roberto Mantovani, nesse sentido, após reunião realizada no final de junho. Para o presidente em exercício do Sindicato do Comércio Varejista, José Maria de Faria, que acompanhou os comerciantes na ocasião, não existe nada que impeça o atendimento da reivindicação.

Aquela parte do Mercado já foi recuperada, está em boas condições. E o sistema viário da região não precisará sofrer grandes alterações como o fechamento daquele trecho afirmou. Segundo ele, bastaria a inversão da mão de direção na Travessa Chico Luiz, em direção à Rua Siqueira Campos, para reordenar o sistema viário. “Eu espero que a Prefeitura seja sensível a esse pedido”, disse José Maria de Faria.

Jornal do Comércio, julho de 1988

O Calçadão em um dia de chuva…

Na década de 1970 ainda como Rua 7 de Setembro…

Ainda como rua 7…

Sequência de imagens publicadas pelo Projeto Pró Memória (Imagens do Arquivo Público do Município).

Leia abaixo uma matéria sobre o último morador da Rua 7 de Setembro:

Nos bons tempos da rua 7…

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